A predestinação é um ato de amor de um Deus soberano, que tem total sabedoria, que é a providência de tudo, é onisciente, onipotente e onipresente. Deus é soberano e faz valer a Sua vontade, escolhe uns e não escolhe outros, mas nisto não há injustiça de sua parte. Conforme Paulo diz em Romanos 9:14, 15 “Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum! Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão”. A predestinação é fundamentada na Bíblia Sagrada. Salmo 139:16 “Os teus olhos me viram a substâncias ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda”. Romanos 8:29, 30 “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou, e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.” Efésios 1:4, 5 “...assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade”. Salmo 22:9, 10 ”Contudo, tu és quem me fez nascer; e me preservaste, estando eu ainda no seio de minha mãe. A ti me entreguei desde o meu nascimento; desde o ventre de minha mãe tu és meu Deus.” Salmo 100:3 “Sabei que o Senhor é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio”.
O mistério da predestinação só é entendido por aqueles a quem o Espírito Santo concede olhos iluminados. Compreender a predestinação é penetrar nos segredos de Deus e desvendar os mistérios de sua sabedoria. A predestinação é a coluna vertebral de todo o ensinamento bíblico. A pessoa que não acredita na predestinação está roubando a soberania de Deus...”
O Plano de Deus
No seu relacionamento com o homem, Deus tem um PLANO, que é mais do que um mero MAPA, constituído de caminhos alternativos, para se chegar a dois destinos finais. A Bíblia nos diz que Deus tem um plano – este plano é:
A. Eterno. Is 46.9 e 10, diz: “ Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antigüidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade” (veja também: 2Tm 1.9; Sl 33.11; Is 37.26; Jr 31.3; Mt 25.34; 1 Pe 1.20; Sl 139.16; 2 Ts 2.13; At 15.17,18).
B. Imutável. Tg 1.17-18, diz: “ Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança...” (veja também: Is 14.24,27; Is 46.10,11; Nm 23.19; Ml 3.6).
C. Inclui os atos futuros dos homens. Isso pode ser visto em todas as profecias da Bíblia, mas considere, especialmente, Mt 20.18 e 19: “Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte. E o entregarão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado; mas, ao terceiro dia, ressurgirá”; e Lc 22.22: “Porque o Filho do Homem, na verdade, vai segundo o que está determinado, mas ai daquele por intermédio de quem ele está sendo traído” (veja também: Dn 2.28 e Jo 6.64).
D. Inclui os eventos não importantes, ou ocasionais. Como lemos em Pv 16.33: “A sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda decisão” (veja também: Jn 1.7; At 1.24,26; Mc 14.30; 1 Rs 22.28-34).
E. Especifica a certeza e a inevitabilidade dos eventos. Já vimos isso em Lc 22.22, acima, e o mesmo conceito está presente em Jo 8.20: “... ninguém o prendeu, porque não era ainda chegada a sua hora” (veja também: Gn 41.32; Hq 2.3; Mt 24.36; Lc 21.24; Jr 15.2; Jó 14.5; Jr 27.7).
F. Até os atos pecaminosos do homem estão incluídos (sem que Deus seja o autor de pecado). Lemos em Gn 45.8, que as ações malévolas dos irmãos de José faziam parte do plano de Deus: “Assim, não fostes vós que me enviastes para cá, e sim Deus, que me pôs por pai de Faraó, e senhor de toda a sua casa, e como governador em toda a terra do Egito”. Deus, entretanto, não é o autor do pecado, como nos ensina Tg 1.13 e Dt 32.4: “Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto” (veja também: Sl 5.4; Tg 1.13; Gn 50.20; Mt 21.42; At 3.17-18; Am 3.6).
O livre arbítrio e a liberdade
O nosso conceito de liberdade e de livre arbítrio é muitas vezes identificado com a execução de ações erráticas, aleatórias, sem nenhum enquadramento em um modelo comportamental ou sem nenhuma ligação com a natureza e características intrínsecas das pessoas. Será que é mesmo assim? Vamos repensar um pouco os nossos conceitos, partindo de um exame da doutrina bíblica sobre a pessoa de Deus:
A. DEUS é livre?
1. Certamente que sim!—Ele é livre em um grau muito mais alto do que qualquer outro ser. Veja a Sua liberdade expressa no Sl 115.3: “ No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada” ; e em 1 Co 12.11: “Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um...”.
2. Isto significa que suas ações são incertas? Que ele pode mudar como um pêndulo? Pode ele quebrar o concerto com o Seu povo? Não! Por que não? Existe alguma compulsão EXTERNA obrigando-o a isto?
3. Certamente que não! Não existe nenhum agente ou força externa exercendo pressão ou autoridade sobre Deus, que é Soberano e está acima de tudo e todos.
4. ENTRETANTO, é impossível para Deus mentir! Tito 1.2 fala do “... Deus que não pode mentir... ”. Por que? Porque isto seria contrário à sua natureza e aos seus atributos! O Breve Catecismo de Westminster, responde a pergunta 4 (“Quem é Deus?”) com uma descrição dos atributos de Deus:
Deus é Espírito: Infinito Ser, Sabedoria, Eterno Poder, Justiça, Imutável em sua Bondade e Verdade.
5. Portanto, nunca, na menor de Suas ações, Ele se desviará daquele padrão de perfeição que Sua própria natureza determina.
B. E o HOMEM, ele é livre?
1. SIM, o homem é livre no sentido de que suas escolhas não são determinadas, em linhas gerais, por nenhuma compulsão externa. Podemos dizer que ele tem LIVRE AGÊNCIA.
2. ENTRETANTO, suas ações são determinadas pela natureza de seu próprio caráter, e nós sabemos que esta natureza é só pecado (Rm. 3.10-23). Neste sentido, ele não tem LIVRE ARBÍTRIO de escolher o bem ou a salvação, pois é escravo do pecado. Este “livre arbítrio” foi perdido com a queda, em Adão.
3. Mesmo não possuindo “livre arbítrio”, definido como a possibilidade de escolha do bem, a “liberdade” que possui, definida como livre agência, não é incompatível com o enquadramento do Homem nos planos divinos. Deus, soberanamente, executa os seus desígnios ATRAVÉS da vontade das suas criaturas (veja os seguintes trechos: Fp 2.13; Pv 20.24; 2 Co 3.5; Jr 10.23; Rm 9.16 e Tg 4.13-15).
Que Deus nos ajude a entender e interpretar as escrituras.
Soli Deo Gloria