A.Sola Scriptura – Somente as Escrituras
A Bíblia era conhecida somente pelos estudiosos da Igreja Católica que a utilizavam como bem entendiam. A Igreja defendia práticas totalmente estranhas à Palavra de Deus ensinado “doutrinas que são preceitos de homens” (Mc 7.7). O movimento da Reforma disse “não” a esse procedimento da Igreja Romana e afirmou Sola Scriptura, ou seja, somente cremos e praticamos o que a Bíblia ensina, somente a Bíblia deve ser a nossa regra de fé e prática.
Os reformadores se empenharam em traduzir a Bíblia para que todas as pessoas tivessem acesso a ela e pudessem julgar os ensinos da Igreja por meio do próprio estudo da Palavra. Muitas vezes não damos o devido valor ao fato de hoje termos a facilidade da Palavra de Deus impressa em nossa própria língua e não a estudamos tanto quanto deveríamos. Lembre-se: devemos ser guiados somente pela Escrituras.
B. Solus Christus – Somente Cristo
Cremos que a Bíblia é a nossa única regra de fé e prática e, estudando-a, verificamos que Cristo é o tema central das Escrituras. Quando a Palavra de Deus é tomada como regra de vida, obrigatoriamente termos Cristo como centro de nosso viver.
Jesus mesmo afirmou que as Escrituras testificam dele (Jo 5.39). Ao caminhar com os discípulos de Emaús, após ter ressuscitado, Cristo falou sobre o fato de que toda a Escritura testificava dele e que aquelas coisas deveriam acontecer (Lc 24.25-27).
A teologia não pode estar centrada no homem, mas em Cristo. A igreja Romana, jeitosamente, colocava o homem no centro. Eram as necessidades do homem que precisavam ser atendidas e não a vontade de Deus expressa em sua Palavra. Devemos nos lembrar das palavras do apóstolo Paulo aos gálatas: “Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1.10). Somos servos de Cristo e não de homens. Portanto, somente Cristo.
C. Sola Gratia – Somente a Graça
A Igreja Romana ensinava que a graça de Deus era concedida ao crente à medida em que ele cooperava com ela. Os reformadores se levantaram contra isso afirmando a verdade bíblia de que a graça é imerecida. Em momento algum, mesmo que realizando um ato de extrema bondade aos olhos dos homens, somos dignos de qualquer merecimento da parte de Deus. Afirmar que o homem coopera com a graça de Deus é buscar uma pregação centrada nos homem e não em Deus, “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13). Lembramos, ainda, das palavras de Paulo aos Romanos: “Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia” (Rm 9.16).
Mesmo no meio evangélico, por vezes, há o equívoco de se pregar uma graça divina submissa à vontade do homem. Dizem os pregadores que, pedindo com insistência, fazendo jejuns, “correntes”, e coisas parecidas, Deus vai responder ao que se está pedindo. Dificilmente se fala sobre a condição miserável do homem em sua natureza pecaminosa e sua necessidade total da maravilhosa graça de Deus. Precisamos urgentemente reafirmar: somente a graça!
D. Sola Fide – Somente pela Fé
A Igreja Romana não negou a necessidade da fé para a salvação. Porém, eles referiam-se a uma fé que, na verdade, era um mero consentimento ao ensino da igreja. Não é essa a fé da qual fala bíblia. Os reformadores demonstraram que a fé que traz a salvação é a confiança na promessa de Deus e Cristo de salvar pecadores.
Somos tornados justo pelo sacrifício perfeito de Cristo, pois somente ele é perfeitamente justo. A justiça de Cristo é imputada a nós pela fé. Não se trata de uma fé, que também seria “cooperativa”, mas da fé que nos é concedida por Deus: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).
Devemos ter fé, mas é preciso esforço, empenho, pois podemos “cair da graça”, é o que dizem muitas pregações. A palavra de Deus nos ensina: somente pela fé!
E. Soli Deo Gloria – Somente glória a Deus
“Prega a Escritura é pregar a Cristo; pregar é Cristo é pregar a cruz; pregar a cruz é pregar a graça; pregar a graça é pregar a justificação; pregar a justificação é atribuir o todo da salvação à glória de Deus e responder a essa Boa Nova em grata obediência por meio de nossa vocação no mundo.” (Michael Horton, “Os Sola’s da Reforma” in Reforma Hoje, Editora Cultura Cristã, 1999, pág. 124). Essa frase de Michael Horton resume bem o que representam os sola’s da Reforma. Tudo resulta na glória de Deus. Todas a glória é devida ao seu nome. Deus revelou-se através das Escrituras; enviou seu Filho para morrer no lugar de seus escolhidos; concedendo, somente por sua graça, a salvação pela fé. Os alcançados pela graça divina rendem louvores em espírito e em verdade ao Deus Todo-Poderoso.
Devemos nos perguntar se reconhecemos de fato que somente Deus é digno de adoração. É isso que transparece em nossos cultos? Neles, exalta-se o nome de Deus, ou o “grande” pregador, o pastor que cura, o conjunto musical? Os pregadores, em seus púlpitos, estão preocupados em render glória a Deus por meio de sua pregação ou somente em fornecer mensagens “confortadora” para o rebanho, que sirvam como um momento de “relaxamento” e “descontração”? Devemos ter em mente que toda glória deve ser dada somente a Deus.
Conclusão
A Reforma Protestante foi marcada por homens que decidiram seguir a Jesus, que fizeram de sua vida um testemunho do que Deus pode fazer na vida de qualquer um de nós. Devemos estar dispostos a, assim como aqueles homens, defender as doutrinas principais da bíblia e proclamá-la em alto e bom som.
Que Deus nos conceda ousadia e coragem para anunciarmos a verdade de sua palavra àqueles que estão em caminhos tortuosos.
Autor: Fernando de Almeida
Fonte: Palavra viva - revista – Criação e Redenção, Lição 7,8, pg 25,29-31, editora Cep.