sábado, 30 de outubro de 2010

Jonathan Edwards- Ver e Sentir Deus em Todas as Areas do Conhecimento.

A tarefa dos estudiosos cristãos é estudar a realidade como manifestação da glória de Deus, falar dessa realidade com exatidão e sentir a beleza de Deus presente nela. Creio que Edwards consideraria uma enorme abdicação da erudição o fato de tantas obras acadêmicas cristãs fazerem tão pouca referência a Deus. Se todo o universo e tudo que há nele existem em função do desígnio de um Deus infinito e pessoal, com o propósito de tornar a sua glória multiforme conhecida e amada, tratar de qualquer assunto sem se referir à glória de Deus não é erudição, mas sim rebelião.

Além disso, a exigência é ainda maior: a erudição cristã deve ser imbuída do sentimento espiritual pela glória de Deus em todas as coisas. A maioria dos estudiosos sabe que, sem o apoio da verdade, os sentimentos se transformam em emocionalismo infundado. Porém, não são muitos os estudiosos que reconhecem o oposto: sem despertar os verdadeiros sentimentos espirituais é impossível ver a verdade integral em todas as coisas.

Assim, Edwards diz: "Onde há um tipo de luz sem calor, uma mente repleta de conceitos e especulações, com um coração frio e intocado, não pode haver coisa alguma de caráter divino nessa luz, esse conhecimento não é o verdadeiro conhecimento espiritual das coisas divinas".

Há quem possa objetar, afirmando que a psicologia, a sociologia, a antropologia, a história, a física, a química, o idioma e as ciências da computação não são "coisas divinas", mas sim "coisas naturais". Essa idéia, porém, deixa de fora a primeira questão: a fim de vermos a realidade como ela é de fato, devemos vê-la em relação ao Deus que a criou, que a sustenta e lhe dá todas as propriedades que possui e todas as suas relações e propósitos. Ver todas essas coisas em cada disciplina é ver "as coisas divinas" - e, no final, são elas que importam. Portanto, Edwards afirma que não podemos divisar essas coisas e, por conseguinte, não podemos exercitar a erudição cristã, se não tivermos uma percepção espiritual ou um gosto por Deus - se não tivermos a capacidade de captar a beleza de Deus naquilo que ele criou.De acordo com Edwards, essa percepção é dada por Deus por meio do novo nascimento sobrenatural, realizado pela Palavra de Deus. "O primeiro efeito do poder de Deus sobre o coração na regeneração é dar ao mesmo uma percepção divina ou uma inclinação por Deus, levando o coração a se deleitar com a beleza e a doçura da excelência suprema da natureza divina."52 Portanto, a fim de exercitar a erudição cristã, a pessoa deve ser nascida de novo; ou seja, a pessoa não deve apenas observar os efeitos da obra de Deus, mas também se deleitar com a beleza encontrada na natureza de Deus.

Edwards afirma que o trabalho racional não é em vão, mesmo considerando-se que tudo depende do dom gratuito de Deus da vida e da visão espiritual. Isso porque "quanto mais a pessoa possuir conhecimento racional das coisas divinas, mais oportunidade terá, quando o Espírito for soprado no seu coração, de ver a excelência dessas coisas e sentir a sua doçura".

Fica claro que, ao falar de "conhecimento racional", Edwards não está se referindo ao racionalismo que exclui filosoficamente as "coisas divinas". Em se tratando da erudição cristã, é ainda mais relevante o fato de que, para Edwards, o "conhecimento racional" também exclui uma imitação metodológica, por parte dos cristãos, do racionalismo encontrado nas obras acadêmicas. Creio que Edwards consideraria uma parte da erudição cristã de hoje metodologicamente ininteligível em função da exclusão de fato de Deus e de sua Palavra dos processos de raciocínio. Ao que parece, esse tipo de erudição pode ser atribuído ao desejo de obter o reconhecimento e a aceitação dos meios acadêmicos em geral. No entanto, o preço a ser pago por esse respeito é extremamente alto. E acredito que Edwards questionaria se, a longo prazo, essa transigência não acabará por enfraquecer a influência cristã que visa à exaltação de Deus, uma vez que a concessão ao naturalismo fala mais alto do que o objetivo da supremacia de Deus em todas as coisas. Não apenas isso, mas também a própria natureza da realidade será distorcida por estudiosos que adotam uma metodologia que não prioriza o fundamento, a força e o objetivo da verdade, ou seja, Deus. Sempre que Deus é metodologicamente deixado de lado, torna-se impossível interpretar a realidade com precisão.

De que maneira, então, esse conceito de erudição cristã é resultante da verdade de que a demonstração da glória de Deus e a alegria mais profunda da alma humana são a mesma coisa? Deus demonstra a sua glória na realidade criada que está sendo investigada pelo estudioso (SI 19.1; 104.31; Cl 1.16,17). E, no entanto, o propósito de Deus ao fazer essa demonstração não é cumprido se o investigador não a observa e sente. Assim, a experiência, a satisfação e o prazer do estudioso com a beleza da glória de Deus são uma ocasião em que a demonstração dessa glória é consumada. Nesse momento, as duas coisas se tornam uma só: o engrandecimento da glória de Deus é concretizado na observação e na experiência que ocorre na mente e no coração do estudioso. Quando o eco da glória de Deus repercute nas afeições do estudioso consagrado a Deus e ressoa no que ele diz e escreve, o propósito de Deus para a erudição é cumprido.

John Piper
Fonte:http://www.jonathanedwards.com.br

domingo, 3 de outubro de 2010


Como devemos proceder diante da soberania de Deus?


Deus é soberano e opera de acordo com seu plano eterno na salvação do seu povo. A vontade dos homens não escolhe naturalmente a Deus porque está inclinada para o mal. Somente Deus pode fazer que uma pessoa deseje ser salva dos seus pecados. Ele é o Deus soberano, Ele é o grande Rei. Se acreditamos nisso, como devemos então reagir?

Primeiro, já que Deus é soberano, devemos temê-lo. Temer a Deus significa lembrar quão grande, santo e poderoso é Deus. Significa também lembrar quão pequenos, pecaminosos e fracos somos nós. Significa fazer a Sua vontade e crer tudo o que Ele nos diz em Sua Palavra.

Significa obedecer a Deus porque dependemos totalmente dEle. Deus nos dá tudo o que precisamos e por isso, o menos que podemos fazer é obedecê-Lo no que Ele diz na Bíblia e Lhe dar o primeiro lugar em tudo.

Segundo, como Deus é soberano devemos aceitar com gosto todo o que nos acontece. Podemos queixar-nos quando não temos o que desejamos, o podemos sentir que merecemos alguma bênção em particular.

Talvez sintamos que merecemos o êxito ou a felicidade. Mas se somos crentes verdadeiros, sabemos que Deus não nos dá o castigo que os nossos pecados merecem. Os crentes verdadeiros percebem que, em vez de punir-nos, Deus tem sido muito bondoso para conosco em todos os aspectos, quando merecíamos o contrário. E se realmente acreditamos que Deus é soberano em tudo, então devemos reconhecer que Ele tem o direito de fazer o que Lhe apraz com o que é dEle, inclusive conosco.

Portanto, se Deus faz com que nos aconteçam coisas de que não gostamos, devemos aceitá-las sabendo que provêm de sua mão, e que Ele procura somente o nosso bem.

Terceiro, já que Deus é soberano, sempre devemos estar agradecidos a Ele. Sentimos-nos agradecidos quais as coisas vão de acordo ao que desejamos, mas também deveríamos louvá-Lo e Lhe dar graças quando nos parece que tudo vai mal. Deveríamos ser gratos ainda em tempos difíceis, porque se somos crentes verdadeiros, acreditamos que Deus nos tem escolhido, que nos ama e que está controlando todo o que nos acontece.

Se realmente somos crentes, devemos seguir o exemplo de nosso Senhor Jesus Cristo. Você percebeu quão temeroso era Jesus de desde o Pai, aceitando Sua vontade e dando-Lhe graças em todo momento? No Novo Testamento vemos que quando Satanás o tentou, Jesus lhe disse que somente Deus devia ser adorado. Ao longo do Novo Testamento vemos a obediência de Cristo, até que sua obediência culminou em sua morte em favor do povo escolhido de Deus. Jesus aceitou a vontade do Pai ainda e quando pediu que, se possível, o Pai eliminasse os seus sofrimentos.

Ele também disse: "Não seja feita a minha vontade, senão a Tua". Também vemos como Cristo dava graças ao Pai. Ainda quando a gente que tinha visto os seus milagres não se arrependeu nem acreditou nEle, Jesus todavia dava graças a Deus. Como Lucas disse: "Naquela mesma hora se alegrou Jesus no Espírito Santo, e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste às criancinhas; assim é, ó Pai, porque assim te aprouve" (Lucas 10:21). Seguramente, se nós somos crentes verdadeiros em Cristo Jesus faremos o mesmo.

Finalmente, já que Deus é soberano, devemos adorá-Lo. Ele usa seu poder sabiamente e para benefício de seu povo. Devido a que Deus é completamente sábio, não pode cometer nenhum erro; porque Ele é santo, também não fará mal nenhum. Se não conhecêssemos mais sobre Deus, exceto que a Sua vontade é soberana, então somente teríamos medo dEle. Porém, podemos regozijar-nos porque sabemos que a poderosa e imutável vontade de Deus é também inteiramente boa.

O propósito divino de controlar tudo é mostrar a Sua própria santidade, bondade e verdade. A pesar de quanto vejamos no mundo, Deus ainda está executando os seus propósitos. E para realizar isso, em algumas ocasiões usa até os homens malvados e a Satanás. Ninguém pode alterar o propósito de Deus. Para Sua própria glória, Deus controla todo porque quer mostrar-nos Sua bondade, santidade e verdade. Para Sua própria glória, Deus o Pai escolheu uma grande número de pessoas para serem salvos de seus pecados. Jesus Cristo morreu por estas pessoas e o Espírito Santo lhes dá a vida espiritual.

Para mostrar Sua glória, Deus muda a natureza malvada das pessoas escolhidas para salvação, a fim de que se voltem para Ele e aprendam a amá-Lo.

Esta obra maravilhosa de Deus está acontecendo atualmente em todas partes do mundo. Muitos dos que lerão estas palavras são aqueles que Deus têm chamado para que sejam Seu povo. Ele os mudou, e tem lhes dado vida espiritual a fim de que chegassem a ser Seu povo. Se você deseja que este Deus seja o seu Deus, então busque-O em oração. Ele tem prometido e não lançará fora a ninguém que venha até Ele. Naturalmente que não os lançará fora, porque é a mesma obra dEle em seus corações a que lhes faz desejar acudir a Ele.

Todas as coisas foram feitas por Deus, todas as coisas são controladas por Ele. Todas as coisas operam de acordo ao seu plano. Todas as coisas servem para a glória de Deus, e quando todas as coisas cheguem ao seu fim, este Deus soberano permanecerá por sempre sendo adorado e louvado em toda a Sua bondade, santidade e glória. Vamos então a louvar e adorar o nosso soberano e Todo Poderoso Deus, aqui e agora.

Grande Deus! Quão infinito és Tu,
Quão débeis e indignos vermes somos nós!
Prostre-se toda criatura e busque a salvação de ti.
A eternidade com todos seus anos
Permanece sempre presente a Tua vista,
Para Ti não existe nada velho, Grande Deus!
Não pode haver nada novo para Ti.
As nossas vidas são movidas de um lado a outro,
E angustiadas por coisas que não têm importância;
Enquanto Teu eterno pensamento segue adiante,
Segundo o Teu imutável e inalterável plano.

Isaac Watts (1674-1748).


Extraído do site:
http://www.eleitosdedeus.org/